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terça-feira, 29 de julho de 2025

BRASIL ANUNCIA SANÇÕES CONTRA ISRAEL APÓS ALEGAÇÕES DE GENOCÍDIO


O Brasil decidiu ampliar seu distanciamento diplomático em relação a Israel. No dia 28 de julho de 2025, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou um conjunto de sanções e medidas restritivas contra o governo israelense, acusando-o de crimes de guerra, violações sistemáticas de direitos humanos e “potencial genocídio” contra o povo palestino na Faixa de Gaza. A nova postura — que inclui a suspensão de exportações brasileiras de produtos de defesa, o monitoramento de importações oriundas de assentamentos considerados ilegais na Cisjordânia e o rebaixamento do nível das relações diplomáticas — marca o ponto mais tenso da relação bilateral em décadas. “Estamos diante de um cenário de ruínas morais”, declarou o chanceler, ao afirmar que “a essência da humanidade está sendo enterrada” em Gaza.

Segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Brasil também manifestou apoio formal ao processo de responsabilização internacional de Israel por genocídio, atualmente em análise na Corte Internacional de Justiça, processo iniciado pela África do Sul. A decisão já vinha sendo amadurecida no governo Lula e conta com o aval de figuras como o assessor especial Celso Amorim, ex-chanceler, que defendeu publicamente medidas severas contra Tel-Aviv. Entre elas, está inclusive a suspensão do acordo de livre comércio entre Mercosul e Israel. O Brasil também recusou a acreditação do novo embaixador israelense e retirou seu representante diplomático de Tel-Aviv.

Internamente, a medida gerou forte reação da Confederação Israelita do Brasil (Conib), que criticou a saída brasileira da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e classificou a decisão como “retrocesso moral e diplomático”. Segundo a entidade, a medida enfraquece os compromissos históricos do Brasil com a preservação da memória do Holocausto e com o combate ao antissemitismo, justamente num momento de crescente hostilidade global contra judeus.

No plano internacional, a medida alinha o Brasil com blocos e países que vêm pressionando Israel nos organismos multilaterais, entre eles África do Sul, Argélia, Turquia, Indonésia e Bolívia. No entanto, essa postura contrasta frontalmente com a posição de potências como os Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França — nações que têm reforçado o apoio a Israel, especialmente após os ataques terroristas promovidos pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixaram centenas de civis israelenses mortos e deram início à atual escalada bélica.

O governo brasileiro, ao classificar a resposta militar de Israel como desproporcional e violadora do direito internacional humanitário, se coloca em um campo diplomático que mistura moralidade e risco estratégico. As sanções podem trazer impactos comerciais diretos, especialmente no setor de defesa e tecnologia. O bloqueio à venda de obuseiros Atmos 2000 — fabricados em Israel e que seriam adquiridos pelas Forças Armadas brasileiras — já havia sinalizado esse movimento meses atrás. Agora, a ruptura é declarada.

No entanto, a medida pode também afetar a imagem do Brasil nos fóruns internacionais. Países aliados de Israel podem rever acordos, investimentos ou cooperações estratégicas com o Brasil. Já na ONU, a movimentação pode ser vista como um gesto corajoso de reposicionamento da política externa brasileira em nome dos direitos humanos — algo que o governo Lula deseja reforçar como marca diplomática.

A repercussão deve variar conforme o alinhamento ideológico de cada nação. Para países do Sul Global, especialmente nações árabes e africanas, a decisão brasileira pode reforçar a credibilidade do país como defensor da justiça internacional. Por outro lado, em setores políticos e econômicos mais alinhados ao Ocidente tradicional, o Brasil poderá ser visto como partícipe de uma agenda revisionista, capaz de tensionar sua inserção em blocos como a OCDE ou a própria ONU, onde o país ainda almeja uma cadeira permanente no Conselho de Segurança.

Há também o fator geopolítico: ao endurecer contra Israel, o Brasil reaquece alianças com países que têm posição crítica à ocupação da Palestina, mas ao mesmo tempo pode prejudicar suas relações com atores estratégicos no cenário global. É uma aposta de alto risco, que combina convicção diplomática, cálculo geopolítico e impacto interno.

Por: Blog Luciano Melo Oficial

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