Golpe aplicado por empresários e artistas de forró deve ser julgado pelo mesmo juiz que condenou envolvidos no crime do Banco Central
Cerca de R$ 600 mil em espécie foram apreendidos nas empresas e casas dos investigados
Momento em que a cantora Solange Almeida sai de casa, sendo levada para a Polícia Federal
Computadores, planilhas de custos, contratos de shows, documentos diversos, além de outros objetos apreendidos durante a “Operação For All”, desencadeada pela Polícia Federal e Receita Federal na manhã da última terça-feira (18), já estão sendo analisados pelo setor de Perícia Contábil da PF e pela própria Receita. O exame pericial desse material pode revelar que a sonegação de impostos por empresas de entretenimento e bandas de forró cearenses ultrapassa a estimativa inicial de R$ 500 milhões.
As investigações da PF e da Receita agora estão nas mãos do juiz titular da 11ª Vara da Justiça Federal no Ceará, Danilo Fontenelle, um magistrado zeloso e rigoroso nas suas ações processuais, com larga experiência no manejo de processos judiciais federais que envolvem organizações criminosas. Foi da lavra dele a sentença que condenou mais de 100 pessoas envolvidas no milionário furto no Banco Central, em Fortaleza, em 2005.
Fontenelle assinou os mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva para que a Polícia Federal e a Receita surpreendessem, na manhã de terça-feira, os suspeitos da trama criminosa que fraudou os cofres públicos federais através da mega-sonegação de impostos, com valores falsos postos nas declarações de Imposto de Renda (IR) de 26 empresas e artistas famosos do mundo do forró.
Artistas e empresários
Conforme a Polícia Federal, os indícios colhidos até agora revelam que os envolvidos teriam montado uma organização criminosa com o objetivo de enriquecimento ilícito através de sonegação e “lavagem” de dinheiro. E foi por conta desses indícios e provas já colhidas ao longo da investigação, que o juiz federal decretou a indisponibilidade de bens dos acusados, entre eles, dos donos da empresa A3 Entretenimentos, que tem entre seus artistas e bandas a “Aviões do Forró” e a “Solteirões do Forró”.
De acordo com a investigação, o grupo ainda adquiria bens, como veículos e imóveis, sem declará-los à Receita Federal. Foram encontradas divergências sobre valores pagos a título de distribuição de lucros e dividendos, movimentações bancárias incompatíveis com os rendimentos declarados, pagamentos elevados em espécie, além das diversas variações patrimoniais a descoberto. Há indícios de lavagem de capitais, falsidade ideológica e associação criminosa.
Os vocalistas José Alexandre, o “Xandy Aviões”; e Solange Almeida Pereira Barbosa, a “Sol” ou Solange Almeida; e “Zé Cantor” (Banda “Solteirões do Forró”), estão entre os investigados. Na terça, eles foram conduzidos coercitivamente à sede da PF para prestar esclarecimentos.
A investigação, ainda sigilosa, já teria encontrado indícios suficientes de que empresários, como o investigado Antônio Isaías Paiva Duarte, o “Isaías CD”; e seu sócio, Carlos Aristides, o “Carlinhos Aristides”, amealharam nos últimos anos vasto patrimônio, que inclui os imóveis de luxo (casas, apartamentos, sítios, chácaras, fazendas etc) e veículos importados.
Neste momento, a investigação se afunila para a produção de provas dentro do inquérito, que pode levar os envolvidos à prisão por crimes diversos, restando tão somente a realização das periciais contábeis e de outros procedimentos abertos a partir das apreensões e declarações colhidas na última terça-feira.
Fonte: Jornalista Fernando Ribeiro.
POSTADO POR: LUCIANO MELO
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