O 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado em Brasília, no dia 3 de agosto de 2025, não apenas marcou a posse do novo presidente nacional do PT, Edinho Silva, como também selou oficialmente o retorno de três dos nomes mais polêmicos da história recente do partido: José Dirceu, Delúbio Soares e João Vaccari Neto. Todos eles estiveram envolvidos em escândalos de corrupção e foram condenados nos casos do mensalão e da Lava Jato, mas voltam agora ao centro do poder partidário sob os aplausos da militância.
"Estou feliz que o companheiro Delúbio esteja presente aqui nesta plenária, estou feliz... Acho extremamente importante a volta do José Dirceu para a direção nacional do PT", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em discurso no evento, conforme publicou o Poder360. A fala de Lula foi mais do que um gesto simbólico: foi um recado direto à base e ao país de que a legenda não pretende renegar seu passado, por mais controverso que ele tenha sido. Dirceu, que além de ministro da Casa Civil foi considerado um dos maiores articuladores do esquema do mensalão, foi aplaudido de pé pelos delegados do partido. Ele agora passa a compor a nova diretoria executiva nacional.
A reconciliação oficial com os ex-dirigentes, presos e condenados por crimes contra a administração pública, acontece em um momento em que o PT busca reforçar sua base interna e traçar uma rota para a eleição presidencial de 2026. Lula, que já declarou considerar essa a “eleição mais importante de nossas vidas”, sinalizou que pretende unir novamente os diferentes grupos do partido — mesmo que para isso precise reabilitar figuras que foram motivo de desgaste nacional.
Em seu discurso, Lula também afirmou que "é bonito exaltar o PT, mas precisamos reconhecer os erros para não repeti-los". A declaração, vista por analistas como uma tentativa de construir uma narrativa de autocrítica, entra em contraste com a imagem que muitos eleitores têm do partido desde os escândalos que abalaram os dois primeiros mandatos do petista. Dirceu, Delúbio e Vaccari, além de Genoíno, que também foi citado no discurso, seguem como filiados ao partido e nunca firmaram acordos de delação premiada com o Ministério Público.
A retomada desses nomes ao centro da estratégia política do PT provoca reações divergentes dentro e fora do partido. Para parte da militância, representa a redenção de líderes injustiçados, vitimados por um processo que teria sido movido mais por razões políticas do que por provas concretas. Para os adversários, trata-se de um retrato claro da falta de compromisso com a ética e da normalização da corrupção na vida pública brasileira.
O momento também lança luz sobre os desafios de narrativa para a próxima disputa presidencial. Com Lula já em idade avançada e sendo possivelmente seu último pleito, o PT precisa mostrar musculatura não apenas em projetos de governo, mas em sua coerência histórica. O retorno de Dirceu ao centro da articulação política da legenda, mesmo após ter suas condenações anuladas pelo STF, exige uma explicação pública mais convincente sobre o que o partido aprendeu com seus erros e quais valores estão sendo resgatados ou deixados para trás, também deixa em aberto uma indagação para o eleitorado: é possível promover justiça e reconciliação ao mesmo tempo em que se reintegram os mesmos nomes que simbolizaram a crise?
"Lula saúda ex-mensaleiros Delúbio, Zé Dirceu e Vaccari em evento do PT"
'Todas as raposas de volta ao galinheiro.'
Por: Blog Luciano Melo Oficial / Fonte: Poder360
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