Nos últimos anos, o estado foi um dos destaques no Ideb, mas homicídios disparam e candidato do PDT culpa Alckmin por espalhar PCC pelo país
Enviado especial a Fortaleza (CE) –Quando uma estatística é positiva, pega-se carona. Quando não é, busca afastar-se. É uma prática comum no mundo político, mas que também tem acontecido com Ciro Gomes, o presidenciável do PDT. Ao longo de sua campanha ao Palácio do Planalto, o pedetista outorga a seu grupo político o desenvolvimento da educação no Ceará. Por outro lado, o ex-governador associa o crescimento da violência no estado à expansão de facções criminosas que controlam a regiões Sudeste e Sul do país.
Ciro governou o Ceará de 1991 a 1994, mas vangloria os resultados das escolas do estado em rankings de educação como se fosse resultado de sua gestão. De fato, o pedetista sempre foi muito próximo do controle do estado e, desde 2007, seu grupo político domina o Ceará. Primeiro, foi o irmão, Cid, que governou de 2007 a 2015. Em seguida, Camilo Santana, que, apesar de ser petista, tem em Ciro um guru.
No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2017, o Ceará superou a meta de aprendizagem para o ensino fundamental, tanto em anos iniciais quanto nos finais. No ensino médio, o estado segue as dificuldades de todo o país, mas, mesmo assim, ficou acima da média nacional. Os números foram divulgados nesta semana pelo Ministério da Educação e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
“No ensino médio, o Ceará passou do 12º lugar para o 4º no ranking nacional. Foi um dos maiores saltos entre todos os estados brasileiros no comparativo com 2015. (…) Portanto, o ensino médio no Ceará não está estagnado, mas, sim, em franca evolução. Ao contrário de estados ricos, como São Paulo, governado pelo PSDB há 24 anos e viu sua nota do ensino médio cair”, disse Ciro em carta publicada após a divulgação do Ideb 2017.
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Culpa do PCC
Como subentendido no documento, uma das diversões de Ciro é cutucar Geraldo Alckmin (PSDB), um de seus adversários à Presidência da República. E, ao tucano, o pedetista tenta associar responsabilidade do crescimento da violência no Ceará.
Como subentendido no documento, uma das diversões de Ciro é cutucar Geraldo Alckmin (PSDB), um de seus adversários à Presidência da República. E, ao tucano, o pedetista tenta associar responsabilidade do crescimento da violência no Ceará.
No final de agosto, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, Ciro foi questionado sobre o aumento de crimes no estado governado por seus aliados políticos. Como justificativa, ele disse que a violência no Ceará disparou após a expansão de grupos criminosos originais de São Paulo, como o Primeiro Comando da Capital (PCC).
“Nesse tempo, as facções criminosas que contam com a conivência das autoridades de São Paulo e a impunidade do Rio de Janeiro chegaram ao Ceará. O Ceará virou um eixo de saída de drogas”, afirmou o pedetista.
Para Ciro, não há erros na política de segurança pública em seu estado. Segundo ele, o Ceará investiu em aparato policial e inteligência, mas não estava preparado para a ampliação das atividades das facções.
Violência dispara
O número de homicídios no Ceará disparou em 2017: foram 5.134 pessoas assassinadas. É o recorde histórico do estado. Os números desestruturaram o governo local. O Ceará vinha celebrando as reduções de mortes violentas registradas nos dois anos anteriores, 2015 e 2016.
O número de homicídios no Ceará disparou em 2017: foram 5.134 pessoas assassinadas. É o recorde histórico do estado. Os números desestruturaram o governo local. O Ceará vinha celebrando as reduções de mortes violentas registradas nos dois anos anteriores, 2015 e 2016.
Os dados seguem alarmantes neste ano. Até julho, foram registrados 2.758 homicídios no Ceará. É uma redução tímida quando comparada com o mesmo período do ano recordista: -0,5%.
ARTE/METRÓPOLES
Segundo dados do Atlas da Violência 2018, o Ceará tem quatro cidades entre as 123 mais violentas do país: Fortaleza, Maracanaú, Caucaia e Juazeiro do Norte. O levantamento foi promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O Ceará tem quatro facções criminosas dominantes. São elas: Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC), Guardiões do Estado (GDE) e Família do Norte (FDN).
Segundo levantamento da Secretaria de Justiça e Cidadania, esses grupos possuem, juntos, um efetivo de 18,6 mil membros distribuídos somente no presídios do Ceará. Esse valor corresponde a cerca de 66% da população carcerária do estado.
Chacinas como método
Em janeiro deste ano, oito mulheres e seis homens foram mortos após um grupo fortemente armado invadir uma festa no bairro Cajazeiras, no sul de Fortaleza. A chacina foi considerada a maior da história do Ceará. Segundo as investigações, o crime teria ligação com a guerra de facções criminosas na região.
Em janeiro deste ano, oito mulheres e seis homens foram mortos após um grupo fortemente armado invadir uma festa no bairro Cajazeiras, no sul de Fortaleza. A chacina foi considerada a maior da história do Ceará. Segundo as investigações, o crime teria ligação com a guerra de facções criminosas na região.
As chacinas parecem ter virado rotina no Ceará. Em julho, cinco pessoas foram encontradas mortas em Palmácia, região metropolitana de Fortaleza. Elas foram amarradas e mortas com tiros nas cabeças em um matagal. Três vítimas eram de uma mesma família. Em agosto, três policiais militares do estado foram mortos em um bar da periferia da capital.
A disputa por controle territorial entre as facções afeta também moradores antigos da capital cearense. De acordo com dados da Defensoria Pública do Ceará, 131 famílias (cerca de 524 pessoas) de Fortaleza foram expulsas de suas casas de forma violenta por quadrilhas entre novembro de 2017 e julho de 2018. Esse número, no entanto, pode ser maior. Segundo o órgão, há casos não denunciados por receio de represálias.
Muros pichados por facções em Fortaleza
Com a quinta maior população carcerária do país, o Ceará fica em segundo lugar na taxa de ocupação no sistema prisional – índice que afere se há vagas ou se a unidade está superlotada. O sistema cearense opera com 309,2% da capacidade, perdendo apenas para o Amazonas (483,9%). Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, as prisões cearenses abrigam 34,5 mil pessoas.
O Metrópoles procurou as assessorias das secretarias de Educação e de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará para comentar os dados, mas não obteve respostas até a publicação desta reportagem.
Fonte: Rafaela Felicciano
"Mas para o governador e o secretário de segurança está tudo sobre controle, agora entendi o que eles queriam dizer, está tudo sobre controle da bandidagem."
POSTADO POR: LUCIANO MELO - 10/09/2018
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