Em abril de 2004, no XVII Fórum da Liberdade, realizado em Porto Alegre, ocorreu um dos debates mais marcantes da cena intelectual brasileira recente. No painel Cultura e Desenvolvimento, o filósofo Olavo de Carvalho dividiu o palco com o jornalista e escritor Eduardo Bueno, conhecido como Peninha. O encontro ficou registrado não apenas pelo contraste de estilos, mas também pela forma como foi lembrado anos depois.
À época, conforme relatos que circulam nas redes sociais, Olavo de Carvalho saiu vitorioso com facilidade. Sua postura firme, articulada e embasada em referências filosóficas chamou a atenção do público. Enquanto Olavo mantinha uma linha rigorosa de argumentação, com tom professoral e crítico, Peninha assumiu um discurso mais coloquial e descontraído, buscando amparo em narrativas históricas em vez de confrontar diretamente o adversário.
A narrativa ganhou novo peso anos mais tarde, quando Eduardo Bueno, em entrevista ao programa Morning Show, confessou que chegou ao debate debilitado, com febre alta: “Cheguei lá com 39, 38 e meio, cara...”. O próprio Peninha admitiu que o embate lhe causou impacto físico e psicológico. Ainda assim, não deixou de reconhecer a intelectualidade de Olavo: “O velho se comportou bem. O velho é inteligente. O velho é letrado. O velho, é óbvio que ele leu. Eu divido muito as pessoas: as que leem e as que não leem.”
Apesar dos elogios, Peninha tentou relativizar o episódio. Disse que, em sua visão, não houve um debate de fato. Para se esquivar das provocações de Olavo, preferiu falar sobre o pau-brasil, tema de um livro recém-lançado que estava “fresco na memória”. Para muitos, esse desvio de assunto foi a evidência de que não encontrou meios de enfrentar a consistência argumentativa do filósofo.
Quase duas décadas depois, Eduardo Bueno voltou a protagonizar polêmicas, desta vez nas redes sociais, ao ser fortemente rechaçado por defender e aplaudir a morte de Charlie Kirk, jovem liderança conservadora americana. A controvérsia reacendeu a lembrança daquele debate de 2004, visto por muitos como o momento em que Olavo de Carvalho não apenas superou com clareza seu oponente, mas também recebeu dele uma inesperada admiração intelectual.
Assim, o dia em que Olavo de Carvalho deixou Eduardo Bueno com febre em um debate permanece vivo na memória coletiva: de um lado, o filósofo, firme em seus argumentos; de outro, Peninha, dividido entre a tentativa de se justificar e o reconhecimento da erudição do adversário. Um episódio que continua ecoando quase vinte anos depois como símbolo de choque de estilos e de mundos opostos.
Por: Blog Luciano Melo Oficial / Fonte: Bruno Martins
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