A foto de uma família morta após um ataque de morteiros russos próximo a Irpin, nos arredores de Kiev, explicitou o horror do conflito para os civis do país e estampou capas de jornal ao redor do mundo.
O pai, Serguei Perebinis, publicou no Facebook uma homenagem à família. No momento do ataque, ele não estava com a mulher, Tatiana Perebinis, e os filhos, que eram acompanhados por um amigo.
"Levaram todos eles. Tania [apelido de Tatiana] não resistiu. Por que isso está acontecendo comigo? E agora? Eu estou a caminho, vivo. Preciso ver vocês uma última vez. Perdoem-me, eu não os protegi", escreveu na mensagem, publicada junto de fotos antigas de Tatiana, 43, Nikita, 18, e Alise, 9.
A empresa de tecnologia e marketing em que Tatiana trabalhava, a SE Ranking, também publicou uma homenagem. "Estamos devastados em dizer que nossa querida colega e amiga Tatiana Perebinis, chefe de contas da SE Ranking, foi morta com suas crianças por morteiros russos", diz o comunicado.
"A família dela se tornou vítima de ataques a civis não provocados. Nossos corações estão partidos."
O momento do ataque foi filmado. A família foi atingida em uma rua próxima a uma ponte que havia sido destruída pelo Exército ucraniano para atrasar o avanço russo em meio à guerra na Ucrânia.
Em grupos no Facebook, Serguei também falou sobre seus cachorros, que acompanhavam a família e pareciam estar vivos em vídeos divulgados nas redes sociais.
"Amigos, minhas crianças morreram hoje em Romanovka, perto de Irpin. Ao lado dos seus corpos, estavam duas caixas de transporte de cachorro e, a julgar pelos vídeos, eles parecem estar vivos. Alguém pode tê-los salvado. Se alguém tiver visto ou souber de mais informações, escreva", disse.
"Eu vou lutar por todos os membros da minha família. Espero um milagre."
Depois das mensagens, o mais velho dos dois animais foi encontrado em uma clínica, com uma das patas amputadas. Em publicação posterior, no entanto, Serguei contou que ele não resistiu aos ferimentos e morreu. "Eu tinha esperanças de que ao menos alguém fosse sobreviver", escreveu. Até agora, não foram divulgadas informações sobre o outro cachorro.
Na semana passada, ele tinha publicado fotos da destruição causada pela invasão russa em Irpin, local que chamou de "nova casa". "Ocupantes russos destroem a cidade usando aeronaves. Destroem casas, pessoas estão morrendo. Quantos civis ainda precisam morrer para você acordar?", escreveu Serguei.
Com pouco mais de 60 mil habitantes, Irpin fica nos arredores de Kiev, área que vem sendo atacada por tropas russas como parte da estratégia para a tomada da capital. A cidade é uma via importante até Kiev.
Serguei afirma que nasceu em Donetsk e saiu de lá em 2014. O ano marcou o começo da guerra civil entre o governo e rebeldes separatistas na região, que fica a leste da Ucrânia e faz fronteira com a Rússia.
Junto com Lugansk, Donetsk declarou-se independente e foi reconhecida como tal por Vladimir Putin dias antes da invasão. Defender os dois territórios rebeldes foi um dos argumentos do líder russo para a invasão, que chama até hoje de "operação militar especial".
Fonte: Folha
'É DESUMANO O QUE ESTAMOS VENDO, O QUE ESSE POVO, O QUE ESSAS FAMILIAS ESTÃO PASSANDO, SENHOR PONHA SUA MÃO SOBRE O POVO UCRANIANO.'
POSTADO POR: LUCIANO MELO - 09/03/2022
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