sexta-feira, 15 de outubro de 2021

ALEXANDRE DE MORAES MANDA SOLTAR O JORNALISTA WELLINGTON MACEDO

Por volta das 22h30, soaram os portões de tranca elétrica pelos corredores da penitenciária, o som cada vez mais próximo da ala G da Papuda, onde se encontrava Wellington Macedo, numa cela que já foi ocupada por políticos célebres, como Geddel Vieira Lima e Luiz Estevam. Os presos, ao redor, vaticinaram: vem alvará por aí. E logo os agentes chegaram e abriram a cela de Welington, que foi levado a outro setor, à espera do oficial de justiça, que chegou à meia-noite.

O jornalista foi encaminhado a Taguatinga, cidade-satélite, onde lhe colocaram uma tornozeleira eletrônica. Chegou à sua casa por volta das 3h da madrugada, com 17 quilos a menos e um alvará de soltura onde se registra um leque de restrições. Não pode sair de casa, nem receber visitas. Continua impedido de trabalhar, pois, além das redes sociais bloqueadas, não pode aparecer nem mesmo nas de terceiros.

Sem poder dar entrevista, as informações são repassadas por sua esposa, Andressa Aguiar, e a advogada Mônica Holanda que o acompanhou diariamente, desde o dia 18 de setembro. Em participação no programa da Paraíso FM, Holanda alertou que ele não foi solto, mas sua prisão foi convertida em domiciliar. “Nossa luta continua para libertá-lo, dentro deste inquérito que é uma verdadeira aberração jurídica”, disse.

Wellington Macedo foi preso preventivamente dentro do inquérito 4879/DF, de forma arbitrária. O motivo seria a violação de medida cautelar de não se comunicar com outros investigados. Como deixou claro a petição dos advogados pela revogação de sua preventiva, “o preso não chegou a ter conhecimento dessa restrição, pois a medida de busca e apreensão determinada contra ele ocorreu em endereço equivocado”. Isto é, ele é acusado de desobedecer uma ordem judicial da qual não tomou conhecimento formal.

O inquérito foi aberto a pedido da Procuradoria Geral da República para apurar a convocação da população , por meio das redes sociais, a praticar atos criminosos e violentos de protesto, às vésperas do feriado de 7/9/2021, durante uma suposta manifestação e greve dos caminhoneiros. Como se viu, as manifestações do 7 de Setembro não tiveram nada de criminoso ou de violento. Foram pacíficas, sem registro de qualquer violência. Foram atos democráticos, com a livre manifestação popular.

Diante da petição dos advogados, a PGR foi ouvida e se manifestou pela revogação da prisão preventiva, “considerando a passagem do feriado de 7 de setembro, não estão mais presentes os requisitos fáticos à manutenção do decreto constritivo”. Mesmo assim, o ministro não concedeu a revogação da prisão. Além de converter em prisão domiciliar, determinou outras medidas cautelares:

1 – Restrição de um quilômetro de raio da Praça dos Três Poderes, dos ministros do STF e dos senadores.

2 – Proibição de comunicação com quaisquer dos investigados neste inquérito.

3 – Proibição de participar em redes sociais, suas ou de quaisquer outras pessoas.

4 – Proibição de receber visitas sem autorização judicial, salvo de seus familiares.

5 – Proibição de conceder qualquer tipo de entrevista sem prévia autorização judicial.

6 – Uso de tornozeleiras.

Durante o período de jejum, foram devolvidas 81 marmitas. Quando se alimentava, usava bananas ou batata doce, e só bebia água de torneira. Os agentes tentavam demovê-lo da greve de fome e falavam que sua mulher estava em pânico ao saber de sua decisão. Várias vezes, ele respondia. Eu só vou voltar a comer quando for um macarrão à carbonara feito pela minha esposa. Hoje tem macarronada na residência de Wellington Macedo.

Fonte: Luciano Cléver

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.